A
justiça brasileira sempre funcionou seletivamente punindo de forma desigual os
poderosos e o cidadão comum, cabendo aos primeiros à impunidade e ao segundo o
cumprimento rigoroso das leis. Com o julgamento do mensalão o Brasil assistiu
após anos habituado a impunidade a Suprema Corte Brasileira julgar e condenar
políticos e empresários fortes.
Os brasileiros pela primeira vez tiveram orgulho da atuação dos ministros do
Supremo chegando até mesmo a considerar alguns deles como heróis. Mas por outro
lado se esqueceram de que esses “heróis” não fizeram mais que cumprir com suas
obrigações. Pior, se esqueceram de que não haveria julgamento, prisões e nem
tão pouco “heróis” se não houvesse denuncia. O esquema estaria em pleno vapor
até hoje, nós iludidos com a boa reputação do partido dos trabalhadores e a
justiça brasileira seguindo com a velha tradição de punir rigorosamente o
cidadão comum e conceder aos poderosos a impunidade.
Quem poderia imaginar que o PT, o partido até então tido como ético, humanista,
idealista poderia estar envolvido no maior esquema de corrupção já visto neste
país? Roberto Jefferson revelou o lado obscuro de um partido que nasceu, cresceu
e chegou ao poder combatendo práticas de corrupção. Mais que isto, nos livrou
de uma provável candidatura de José Dirceu à Presidência da República.
Independente da motivação foi graças a ele que o esquema veio à tona.
Levando em consideração seu estado de
saúde e o inestimável serviço prestado à nação ao denunciar a existência do
mensalão, a redução de pena não foi o suficiente. Arrisco a dizer que o supremo
prestou um grande desserviço à sociedade ao não conceder a ele perdão judicial
tendo em vista que além de merecido seria um incentivo para que outros viessem
a seguir seu exemplo. A condenação de Jefferson tem um caráter
intimidatório, ou seja, é a garantia de que no futuro outros não tomarão a
mesma atitude ao se depararem com um esquema como o exposto pelo mesmo. Hoje se
completa um mês de “punição”. A injustiça que se faz a um é uma ameaça
que se faz a todos.
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